Vade retro, Satanás.
Então não é que, na passada segunda-feira, quase agarrei num livro e comecei a ler!
[Dia 28 de Abril de 2025 - o dia do apagão Ibérico.]
Já viram isto? O que o raio de um apagão quase nos faz fazer!
Mas lá consegui controlar-me.
Quis o destino que cá em casa se tivesse comprado, no fim-de-semana anterior, um jornal, daqueles em formato clássico, em papel. Uma acção feita por pura nostalgia.
Ai, essas malfadadas saudades de ler notícias à moda antiga…
Obviamente, o destino quis comprar o jornal, mas ainda não tinha arranjado tempo para o ler. Ou seja, a nostalgia imperou, mas ficou em stand-by por causa da "normal" correria da vida moderna.
Mas não é que esse mesmo destino acabou por arranjar tempo!
E é assim que, em vez de agarrar num livro, agarro num jornal em papel.
(E não foi para fazer lume para aquecer o almoço. 😄)
Como o jornal era um semanário, ainda hoje sobram-me lá por casa umas quantas páginas por ler. Afinal, só meio dia de trabalho ficou em "blackout"! Mais ir buscar os miúdos e ouvir a rádio… não há milagres!
Com tudo isto, várias questões começam a perfilar-se como numa tentativa de destilar sumo de uma nuvem.
📌 Será que os livros em papel estão a morrer?
(É que os jornais em papel já morreram! Ou não!?)
Com livros digitais, audiobooks, sites e canais de YouTube dedicados a resumos… Com os chats gpt a fazerem resumos, com maior ou menor profundidade, e facilmente disponíveis para aprofundar tópicos com maior complemento de informação…
Com isto tudo, os livros vão morrer?
📌 Será que aquele influencer que diz ter lido 100 livros num ano, folheou fisicamente os 100 livros?
📌 Será que esse mesmo influencer lembra-se de todos os tópicos chave de cada um desses livros?
📌 Será que ler é o mesmo que “dizer que se leu”?
Porque hoje em dia, mais do que ler, parece que há é uma certa pressa em mostrar que se leu.
Uma corrida para publicar no Instagram, no LinkedIn, ou noutro lado qualquer.
Nada contra. Ler é sempre bom.
📌 Mas será que estamos a ler... ou só a passar os olhos?
📌 Será que queremos mesmo absorver ideias, ou só colecionar capas de livros e frases sublinhadas a amarelo para as redes sociais?
📌 Se queremos absorver ideias… ler um livro é realmente a melhor forma?
Porque vamos demorar horas a ler um livro para retirar meia dúzia de pontos chave, que os chats gpt podem dizer-nos num minuto?
Pessoalmente, comecei a usar o tempo de viagem casa trabalho, e vice versa, para ouvir audiobooks e assim maximizar e optimizar o meu tempo.
Uso os chats gpt para fazerem sumários de livros que servem de introdução aos tópicos e/ou estruturação de ideias Também vejo e ouço vídeos no YouTube sobre os livros. Todos os formatos interagem de forma complementar.
Paralelamente, o aumento exponencial de podcasts com os mais diversos convidados e sobre as mais diversas temáticas, leva-me muitas vezes a ouvir, em discurso directo, especialistas, escritores, conhecedores ou simples entusiastas, dos mais variados temas.
Porque cada pessoa é única, ao ler ou ouvir, cada um de nós vai extrair as suas próprias lições.
📌 Nesta azáfama da vida moderna, ler devagar ainda é permitido?
Porque, convenhamos, há livros que merecem ser lidos devagar.
Parar. Reler. Dobrar a página. Escrever uma nota à margem. Pensar. Voltar atrás.
Mas neste modo de “100 livros por ano”... será que ainda há espaço e tempo para isso?
Permite-nos esta nossa vida moderna arranjar o tempo?
Realmente tenho saudades de calmamente folhear um livro e deixar o tempo passar.
E tu, ainda lês livros em papel?
Ou já te rendeste aos resumos, audiobooks e podcasts?
📝 Diz-me nos comentários abaixo. 👇
E sim, também sou culpado de empilhar livros que não leio... mas não resisto a comprá-los.
[Mas não esperam pela demora.]
Comentários
Enviar um comentário